- É a última noite.
- Que tal se fôssemos lá fora?
Já passava das duas horas e ela me propôs que saíssemos da casa, aceitei, pois aquela nunca fora mesmo a minha casa. Todo tempo que passei ali me limitei ao quarto, confirmo não ter perdido muita coisa, naquele tempo já pensava assim, agora tenho as reais certezas.
Saímos e caminhamos pela vila, não havia muito o que se ver: casas, cercados. Víamos algumas fazendas pequenas, distantes... Fazia perguntas sobre a minha vida por lá, respondi que nunca saí de casa para conhecê-la. Por isso, não poderia dizer muita coisa, o que conhecia bem era o caminho para sair. Viajava muito e quando voltava pra casa meus amigos me convidavam para tomar umas cervejas no centro da cidade:
- Engraçado, sua casa fica nos fundos de um bar...
Meu pai não falava nada, Mas sentia que repudiava minhas atitudes. Teve uma vez em que pensei em chamar o velho pra tomar uma cerveja no seu próprio bar, mas desisti quando imaginei a cara que faria sua digníssima esposa, se bem que sustentara sempre a mesma cara feia desde que cheguei àquela casa.
- O céu daqui é sempre tão escuro?
- Não sei...
A verdade é que assim como você, minha amiga, esta é a primeira vez que vejo esse céu. Essa era a resposta que eu tinha em mente, mas fiquei envergonhado e não falei. Pedi que voltássemos...
- É que estamos quase chegando...
Nem imaginava que havia festas por ali, nem sei que tipo de festa faziam, mas nos aproximávamos do barulho que ouvíamos quando ainda estávamos em casa.
- Não conhece ninguém?
- Não! É por isso que digo que devemos voltar.
Voltamos, e logo que adormeceu fiquei pensativo arrumando as malas, não conseguia esquecer nada do que se passara, concluí que não havia tempo pra mudar...
Depois que cheguei a São Paulo, hoje foi a primeira vez que nos falamos. Foi por telefone; me disse que voltou à vila.
- O que foi fazer lá?
- Tomar uma gelada com seu velho!
- ...
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