Eis um conto muito interessante. Já dizia nosso querido Aristóteles que “o trágico é belo”; temos aqui um belo exemplo disso. A personagem repartindo seu problema com o mundo, de maneira amarga e cruel. Uns minutos de prazer que aliviam sua condição, passando-a adiante, como acontecera consigo mesma. O efeito é muito bonito.
No que tange à narrativa em si, há um texto, enxuto, conciso na exibição do relato da protagonista. Talvez a mulata da pensão fosse desnecessária ao texto, mas isso não ajuda, também não chega a atrapalhar. Enfim, um belo texto, que mostra uma narrativa intimista, mas sem a pieguice que se espera de um romance. Parabéns à autora.
[Wander Shirukaya]
Ela acordou com um olhar assustado em sua face, mas logo foi se estabilizando quando viu que ele estava ao seu lado.
Sentindo um pouco de remorso, talvez, mas com um sorriso contínuo nos seus lábios.
Um sorriso amargurado.
Olhando para aquela figura de belo porte e olhos castanhos já cerrados pelo profundo sono, ela lembrara que no mês que havia se passado não foi assim que aconteceu.
28 de novembro, essa data ficou marcada em sua memória. Era um sábado qualquer com um cara qualquer, que depois de uns goles de tequila passou a se tornar especial.
Ele era alto, branco, cabelos escorridos no rosto, mãos calejadas devido á intensa musculação e dono de uns lindos olhos acinzentados. E que olhos. Forma aqueles olhos que mais lhe seduziram.
Depois de uma noite de devaneios pelos bares cariocas ele resolveu convidar-lhe para um passeio, um passeio que ela só saberia o mal que lhe traria depois de aceitar.
E aceitou.
Dentro do carro tocava uma música inspiradora, dona de um incrível bom gosto.
Chegaram.
Era uma pensão humilde, na portaria uma bela mulata dona de um corpo escultural o atendera. Pelo modo ao qual eles se falavam notava-se que aquele lugar não era onde ele morava, mas isso não havia importância para ela.
Eles subiram.
Quarto número 14 no 2° andar.
Sem perder tempo ele começou a beijá-la, e ela, que já estava ansiosamente esperando por isso, retribuiu.
Jogaram-se na cama como dois animais selvagens. E foi assim a noite inteira, até que um cansaço embargou o sono de ambos.
Já eram dez horas da manhã e ela acordara com um sorriso largo nos lábios e o barulho da porta batendo.
Ele devia ter ido buscar o café, foi o que ela pensou. Levantou-se ainda com ânimo, em busca de sua bolsa para retocar a face e esperar o seu querido. Achou o estojinho de maquiagens largado no banheiro, mas notou que o seu kajal não estava lá, mas logo o achou em cima de um bilhete que dizia assim:
"Não fique triste, o que você está sofrendo eu também sofri e o que você sofrerá é o que eu estou sofrendo, mas não ligo porque logo não estarei mais aqui... A doença que surgi através do amor de duas pessoas. Através da mais bela entrega de paixão vai surgir o pior dos pesadelos de uma vida. Aproveite enquanto há tempo!"
Com uma lágrima no olhar, ela entendeu.
E lá estava ela, sentada á admirar seu feito. Aquilo seria justo ? um pobre rapaz pagar por um erro que ela mesmo cometeu ? Não valeria mais á pena pensar. Já estava feito. Isso. Não tinha mais volta.
Ela levantou-se da cama ainda seminua e foi ao banheiro.
E foi lá que deixou cravado em um bilhete mais uma sentença de tristeza.
[Hellen Soares]
Aviso: Hellen Você não mandou o endereço de Blog ou outro para divulgação se quiser nos mande que inserimos aqui. abraços
10 comentários:
Bem forte...
Muito bem escrito!!!
Adorei o texto e concordo o Jeferson, é bem forte!
gostei, não foi tão forte quanto imaginei, mas trata de um tema do cotidiano de modo singular. Parabéns.
qe lindo texto, e lindo blog tb
te seguindo ;D
Tem conteúdo, apesar de pequenos erros de ortografia. Contos pequenos precisam de um final que surpreenda, que crave a expectativa do leitor.
Doenças inevitaveis
Bjks
fortes palavras, muito belo. adorei o blog!
Achei intenso e cru... Conquista o leitor com a força das palavras!
;D
Desculpa não ter enviado o meu endereço do blog, mas, "antes tarde do que nunca"... ha'haa
http://minhavisaodoavesso.blogspot.com/
Espero que entrem e gostem!! Beijos e Obrigado por publicar meu conto ! =D
o texto é maravilhoso
muitos são culpados por erros que não cometeram
Postar um comentário
Leia, comente participe e não deixe de ser nosso asinante:
http://papeisonline.blogspot.com/p/assine.html