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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Jeferson Guedes - Ileso


No oficio de poeta a grande missão é conseguir atingir o a alma do leitor, provocar nele sensações, fazer com que ele se perca por alguns minutos nos seus versos, nesses quesitos o poeta Jeferson Guedes  http://vacuodopensamento.blogspot.com/ se perca na curva de um sonho, como este poeta se perdeu:

Ileso

Desperto alarmado
De um sonho vago e sozinho.
Solidão de uma noite inquieta,
Durmo, mas não revivo.

Tempos passaram e eu ainda caminho.

Vago ileso.

Na rua de tijolos,
Com escombros e
Cheia de lixo.

Sonhos ainda não sonhados,
Escombros, barcos e flores.
De meu sonho desvairado...
Desperto, mas muito longe,

Eu sinto o ar gelado do inverno...
Enquanto durmo.

Vago ileso...

Em seu cais naufragado,
Que já teve tantos sonhos,
Também não sonhados.

Reajo para poder me sentir...
Sentir-me vivo e não morto.
Declínio da angustia,
Guardada e escondida.

Na parte negra do coração,
Do jovem mais sofrido.

Ainda assim...
Vago ileso.

Mar sem ondas.
Marinheiro sem o navio.
Jardim sem a rosa.

Rosa dos ventos...
Quão gosta de me fazer,
Perder o rumo...
Rumo ao sudoeste...

Já me perdi tanto...
Que acho que até decorei o caminho,
Para poder me perder mais fácil.
Quão eu gosto...
De viajar sonhando...

Em busca do tesouro perdido.
Em busca dos meus sonhos.
Que jamais serão vividos.

Ainda assim...
Vago ileso.

Caminhando sobre espinhos...
E tomando meu sangue,
Sentido o gosto do vinho.
Quão descrente eu sou...

Não acredito nos sonhos...
E sim nas feridas.
Que me fazem sangrar pelos ombros,
E escutar todos os gritos.

Mas ainda assim...
Vago ileso.

Mais um dia eu acordo...
Não penso nem em tomar meu café,
Vou logo acendendo um cigarro.

Para poder me sentir ileso.
Por ter rasgado os sonhos.
E não ter manchando o lençol de vinho.

Tenho sempre tuas mãos por perto.
São elas que me resgatam,
Quando caio por acaso...
Na negrura do inferno.

Nossa busca árdua pelo paraíso
Ninguém jamais o encontrou...
Somente no inferno que eu vi...
As pessoas com seus mapas,
Pedindo informação aos andarilhos.

Andarilhos perdidos...
Andarilhos que se perderam...
Em seus próprios sonhos,
Não sonhados.
Nunca voltarão para casa...

E ficarão abandonados,
Na poeira do seu quarto.
Ao lado das escrituras,
Manchadas de parafina e ódio.

Ancoras que têm menos matéria,
Que uma palha.
Ancoras que são levadas pelo vento...
Folhas que ficaram na calçada,
Mas que não se acumularam com o tempo...

Sonhos que não devemos sonhar.
Flores que não podemos sentir.

Ainda assim...
Vago ileso.

Mas agora me cego de ódio e desgosto.
E me atiro no abismo.
Sem sequer olhar pra trás.

Assim que eu me despeço de meu sonho,
Sonho mais morto que vivo.
Morto com um tiro.
Tiro no coração.
Tiro certeiro.

Sinto que esqueci minha alma...
Na esquina daquele sonho.
Quando atirei milho aos pombos...
E derrubei cinzas no copo de vinho.


Jeferson Guedes

9 comentários:

Unknown disse...

haha esse eh meu amigo :D

Toni disse...

My brother!

Marcos de Sousa disse...

Amei

Anônimo disse...

Muito interessante e inteligente o poema.

http://analisefc.blogspot.com/

Michelle Lynn disse...

Quanta tristeza percebo nesses versos...
Quanta dor há nesse poema...
Quantos sonhos não sonhados e quanta ilusão perdida...

Papéis ONline disse...

deve-se dizer também cara Michelle que o poeta se utilizou de toda essa tristeza e dor para criar imagens de encantamento, um real primor poético

Jeferson Guedes disse...

Muitas pessoas não gostam do que escrevo... Pq sempre segue uma linha triste... Mas Fiquei muito feliz com os comentários... Obrigado de coração!

Unknown disse...

Adorei a leveza e intensidade...
Muito bom!

Anônimo disse...

Esse poema é tão "eu".
Gostei muito!

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