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sábado, 17 de julho de 2010

Alento - Rodrigo T. de Siqueira

O que se diz ainda é tortura de estar vazio. A boca não colhe o juízo das plantas e tampouco sabe a cor qualquer prato. Mas sabe, mas colhe, porque a palavra se contorce, bailarina em movimento, e tudo se desmancha de significados, e resta só aquele pó essencial de onde o juízo se formou. Espelho, quem te garante? Eu sou a aliança repartida com que o primeiro homem de bom coração temeu a vida e quis se levantar, agir diante da terra e cavalgar a marcha louca dos que decidem por si.
A boca não aprendeu a quebrar seu corpo com poesia e o homem, bem vestido, sereno em comportamento, está queimando em seus números. Sete ossos repartidos, todos reparados conforme o gancho da razão cotidiana; Cinco mulheres e nenhum amor, nenhuma mágoa; tudo se reúne em torno de si mergulhado num único desprezo. A paixão definha diante do topo e se precipita nas pedras. Um cão ama de verdade e possui mais verdade nos olhos, mais calma e firmeza diante da guerra. O homem tem desprezo, aprende a vida e a morte e tudo se conforma, teoria gentil e sem tato de saber e acreditar. É o dono do mundo que despreza.
Não me pergunte nada. Não conheço estas frases e não sei de acordos. De tudo o que vi até hoje o que mais me comove é o mar e um pássaro voando, o peito enorme mirando o acolhimento das águas e um mergulho de busca, caça incessante de mais e mais tempo. Não conheço as frases que persigo e, se as tenho em mim, sou a presa. Aprendi a caçar o lobo que me mata. Não se preocupe, meu Amor, que tudo nesta vida é um gênio e suas permissões; o mundo cresce no contato dos seus olhos e, quando a noite arde, ele sopra mais uma vela e a parafina cerca em meu sorriso uma aparência de vida que pretendo lhe dar. Não chore, meu Amor, que a verdade é maior que o fogo e dentro do teu coração eu vou deixar um arrepio de pavor e voo, mar e asas para que este quadro seja sempre em mim a tua benção. Não se preocupe, meu Amor. Aprendi a caçar o lobo que me mata. 

Rodrigo T. de Siqueira
Poeta

8 comentários:

Wander Shirukaya disse...

Me desclpem se eu estiver sendo um pouco burro ou rude, mas a meu ver isto está mais para prosa poetica do que para conto.

Unknown disse...

Concordo com o Wander...
É uma prosa línda e intimista, com ar de poesia.
;D

Wander Shirukaya disse...

Pois é Karla, isso não qr dizer q está ruim nao, paenas nao é um conto. ^^

Click disse...

Olá, meus caros!
Bem, eu sou o Rodrigo que escreveu esse texto aí e gostaria de dar a minha contribuição a essa questão que foi posta pelo Wander.

Primeiramente, de maneira alguma é preciso se desculpar, pois nem burro e nem rude você foi, mas vamos direto à questão, que foi o que me puxou pra dentro desse comentário.

O texto aí é um conto? Eu poderia dizer que isso é fácil afirmar sem sombra de dúvidas e levando em consideração o simples fato de que todo conto (independente de apresentar enredo bem delineado, personagens bem fundamentados e construídos etc) é prosa poética, mesmo que a recíproca nem sempre coincida. Vejamos: Drummond escreveu muitas crônicas, crônicas a balde, e a forma da crônica é a prosa e a condição do poeta, independente do gênero, é a poesia. Ela é que o excede e faz com que ele responda com um gesto. Esse gesto é sempre poético. Agora, com a desconstrução dos gêneros a partir da ascenção e desenvolvimento da poesia moderna, com a interiorização da narrativa, conceitos como "conto", "crônica", "romance" entraram em tensão porque a cartilha deixa de ter a mesma força que tinha e daí então surge esse gênero que costumam chamar de prosa poética.

Isso é consequência de uma cultura que zela pelo entendimento bem definido, que goza de uma mania de classificação que, quando não dá conta do recado, entra em choque e, obviamente, precisa se reinventar porque as manifestações originais estão em desacordo com os conceitos estabelecidos.

Bem, tudo isso é só pra dizer, sendo conto, sendo crônica, sendo romance... enfim, quando um poeta escreve em prosa, será sempre prosa poética, independente do gênero, porque vige na poesia e não na nomenclatura!

Agora, não posso deixar de dizer que fiquei muito satisfeito de ver o meu texto aqui e perceber que foi lido e acolhido com afeto.

Muito grato!

Rodrigo.

Click disse...

Olá, meus caros!
Bem, eu sou o Rodrigo que escreveu esse texto aí e gostaria de dar a minha contribuição a essa questão que foi posta pelo Wander.

Primeiramente, de maneira alguma é preciso se desculpar, pois nem burro e nem rude você foi, mas vamos direto à questão, que foi o que me puxou pra dentro desse comentário.

O texto aí é um conto? Eu poderia dizer que isso é fácil afirmar sem sombra de dúvidas e levando em consideração o simples fato de que todo conto (independente de apresentar enredo bem delineado, personagens bem fundamentados e construídos etc) é prosa poética, mesmo que a recíproca nem sempre coincida. Vejamos: Drummond escreveu muitas crônicas, crônicas a balde, e a forma da crônica é a prosa e a condição do poeta, independente do gênero, é a poesia. Ela é que o excede e faz com que ele responda com um gesto. Esse gesto é sempre poético. Agora, com a desconstrução dos gêneros a partir da ascenção e desenvolvimento da poesia moderna, com a interiorização da narrativa, conceitos como "conto", "crônica", "romance" entraram em tensão porque a cartilha deixa de ter a mesma força que tinha e daí então surge esse gênero que costumam chamar de prosa poética.

Isso é consequência de uma cultura que zela pelo entendimento bem definido, que goza de uma mania de classificação que, quando não dá conta do recado, entra em choque e, obviamente, precisa se reinventar porque as manifestações originais estão em desacordo com os conceitos estabelecidos.

Bem, tudo isso é só pra dizer, sendo conto, sendo crônica, sendo romance... enfim, quando um poeta escreve em prosa, será sempre prosa poética, independente do gênero, porque vige na poesia e não na nomenclatura!

Agora, não posso deixar de dizer que fiquei muito satisfeito de ver o meu texto aqui e perceber que foi lido e acolhido com afeto.

Muito grato!

Rodrigo.

Click disse...

Olá, meus caros!
Bem, eu sou o Rodrigo que escreveu esse texto aí e gostaria de dar a minha contribuição a essa questão que foi posta pelo Wander.

Primeiramente, de maneira alguma é preciso se desculpar, pois nem burro e nem rude você foi, mas vamos direto à questão, que foi o que me puxou pra dentro desse comentário.

O texto aí é um conto? Eu poderia dizer que isso é fácil afirmar sem sombra de dúvidas e levando em consideração o simples fato de que todo conto (independente de apresentar enredo bem delineado, personagens bem fundamentados e construídos etc) é prosa poética, mesmo que a recíproca nem sempre coincida. Vejamos: Drummond escreveu muitas crônicas, crônicas a balde, e a forma da crônica é a prosa e a condição do poeta, independente do gênero, é a poesia. Ela é que o excede e faz com que ele responda com um gesto. Esse gesto é sempre poético. Agora, com a desconstrução dos gêneros a partir da ascenção e desenvolvimento da poesia moderna, com a interiorização da narrativa, conceitos como "conto", "crônica", "romance" entraram em tensão porque a cartilha deixa de ter a mesma força que tinha e daí então surge esse gênero que costumam chamar de prosa poética.

Click disse...

Isso é consequência de uma cultura que zela pelo entendimento bem definido, que goza de uma mania de classificação que, quando não dá conta do recado, entra em choque e, obviamente, precisa se reinventar porque as manifestações originais estão em desacordo com os conceitos estabelecidos.

Bem, tudo isso é só pra dizer, sendo conto, sendo crônica, sendo romance... enfim, quando um poeta escreve em prosa, será sempre prosa poética, independente do gênero, porque vige na poesia e não na nomenclatura!

Agora, não posso deixar de dizer que fiquei muito satisfeito de ver o meu texto aqui e perceber que foi lido e acolhido com afeto.

Muito grato!

Rodrigo.

Click disse...

Juro que quando comentei não queria que o comentário saísse assim repetido e repetido e repetido...

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