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terça-feira, 5 de julho de 2011

No seu blog tem literatura? (parte IV)


Saudações shirukayanas aos amigos do Papéis Online. Estou de volta agora para entrar mais no cerne da nossa coluna aqui: afinal, como fazer literatura? Como fazer de seu blog um blog de literatura? Bom, a resposta está em cada um de nós, mas levantarei alguns tópicos para que vocês tirem suas próprias conclusões.
O que é arte? Esse questionamento é um dos mais importantes a fazermos mesmo antes de tocarmos no papel/ teclado do PC. Percebamos que não há um conceito fechado para o que seja a arte. Se existisse, teríamos uma receita de bolo, que me garantiria estar ao lado de Whitman, Jane Austen, Joyce e tantos grandes da literatura universal sem esforço. Não raro encontramos exemoplos provando que que realmente não há bula para isso: quantas vezes nos deparamos com alguém que julgamos ter um talento extraordinário e que permanece no ostracismo? Muitos artistas (dá pra nos perdermos se tentarmos enumerar), Emily Dickinson e Sylvia Plath, só para citar alguns da poesia, nem chegaram a ter reconhecimento em vida, chegando a ter muitas obras lançadas apenas após a morte. As razões destes acontecimentos são muitas e muito complexas, não nos cabendo aqui os detalhes, mas é certo que isso nos exemplifica como o conceito de arte é flutuante.
Ora, se arte não definição certa, isso significa que posso postar qualquer coisa em meu blog que mesmo assim será arte? Evidente que não, meu amigo! Um pouco de consciência é preciso, se não cairemos na falsa idéia de que arte é mera expressão de um sentimento. Como sempre digo, se isto fosse verdade, ao tropeçar na rua e chamar um nome feio para liberar o stress eu estaria fazendo arte; se eu chorasse a perda de um amigo num velório seria uma obra de arte, etc. Há, sem sombra de dúvida, algo mais importante em arte do que expressar seus sentimentos: a forma com que você o fará. 
Desfaçamos a partir de então qualquer pensamento que nos induza a não trabalhar a forma de nossas obras. Não adianta chegarmos em casa tristes por termos sido reprovados em entrevista de emprego ou por um amor não correspondido e simplesmente escrever livremente sobre o assunto e acharmos que isso é arte. Temos a tendência, em situações como essa, por causa do nosso envolvimento subjetivo com a coisa, de escrevermos e acharmos tudo maravilhoso, quando outros logo mostrarão o quão ridículos estamos sendo. Cito o genial contista Julio Cortázar para que reflitamos, entrando mais a fundo na questão no próximo post:

"O importante não é o tema, mas o tratamento do tema".
Julio Cortázar

Breve tem mais!

Wander Shirukaya, escreve contos e pode ser encontrado aqui:
Twitter: @shirukaya

2 comentários:

Talles Azigon disse...

sempre muito bom ler essa sua coluna, por que escritores de blog como eu precisam sempre se questionar e saber que um blog é a nossa imagem e por isso é preciso qualidade

Wander Shirukaya disse...

A proposito, o senhor anda sumido, né?

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